Photoshop: entre o ser e o parecer

Photoshop: entre o ser e o parecer

Num mundo tão digitalmente interligado e com informação cada vez mais instantânea, o Photoshop torna-se numa arma quando colocado nas mãos erradas. 



O título artigo é puro clickbait, pedimos desde já as nossas desculpas!

O nosso intuito não é desenvolver um tutorial sobre como usar o Photoshop, nem falar sobre as suas vantagens, mas sim dar alguns exemplos de como a sua utilização (e de programas semelhantes) serviu várias vezes para omitir ou corrigir alguns padrões não aceites na sociedade, ou mesmo fazer desaparecer pessoas de governos da História mundial, quase “por magia”!


Numa altura em que existe o conflito entre a Rússia e a Ucrânia, verificamos, mais do que nunca, como o design gráfico assume uma elevada importância em tempos de guerra. No entanto, e como é óbvio, nem sempre é usado por bons motivos. Ao contrário do que se possa pensar, a manipulação de imagens não foi feita só por governos totalitários. Muitas vezes, tal foi solicitado pelos próprios líderes que tinham relações diretas e pessoais com elementos “apagados”.

Por exemplo, Nikolai Yezhov, um líder dos assuntos internos do Partido Comunista liderado por Stalin, passou de predador a presa, sendo ele próprio “apagado”. Depois de, a mando do seu líder, ter falsificado provas e colocado pessoas do interesse de Stalin, foi ele próprio removido dos arquivos. Como podemos ver na imagem, Nikolai Yezhov aparece ao lado do seu líder, e na segunda imagem, bem, magia…



Com o avanço da tecnologia e o surgimento do vídeo, a edição de imagens tornou-se um desafio ainda maior, que os líderes da Coreia do Norte resolveram de maneira artística, “eliminando” Jang Song-Thaek, o segundo homem mais poderoso da Coreia do Norte, que em 2013 foi condenado por traição. As imagens são referentes ao documentário O Grande Camarada.



Como referido, não foram só os governos totalitários que usaram a “magia” do Photoshop. Desde sempre que a nudez é pouco tolerada por várias religiões, como, por exemplo, no islamismo, onde existem leis severas sobre a demonstração do corpo feminino, incluindo pescoço, braços e pernas. Mas não só nas regiões do Médio Oriente a censura da nudez “obrigou” à utilização do Photoshop. Numa universidade nos Estados Unidos da América, num álbum fotográfico de fim de ano, o Colégio Wasatch achou que seria de bom tom a alteração das fotografias que tivessem demasiada pele à vista.



Grandes marcas, também por forças políticas maiores, têm de adaptar as suas imagens e formas de comunicar. Um exemplo disso é a empresa sueca IKEA, que fez um catálogo para distribuição mundial, mas que na Arábia Saudita obrigou à alteração de todas as imagens que tivessem mulheres representadas. Mais tarde, a marca sueca veio publicamente pedir desculpas, dizendo que não se identificam com esses mesmo valores.


 

Num mundo tão digitalmente interligado e com informação cada vez mais instantânea, o Photoshop torna-se assim numa arma quando colocada nas mãos erradas. Mesmo em boas mãos, assim como qualquer meio de propaganda, seja em formato físico (jornal) ou digital (redes sociais), toda a informação deveria ser cuidadosamente revista. No entanto, interesses políticos e religiosos “obrigam” muitas vezes ao uso do Photoshop. E quem trabalha com Photoshop conhece bem a “luta” que é explicar que este software não deve servir para alterar a realidade, mas antes para aperfeiçoá-la!

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