Emotional Design: como usar as emoções a nosso favor?

Emotional Design: como usar as emoções a nosso favor?

E se nós te dissermos que lidamos diariamente com o Design Emocional sem nos darmos conta disso? Quando bem feito, o design emocional é invisível: os designs mais bem-sucedidos conseguem aceder ao nosso subconsciente emocional. Existem, provavelmente, coisas que estão perto de ti neste momento que não são necessariamente as melhores do mercado, e até podem nem ser as mais bonitas, mas continuas a usá-las…

 

O Design Emocional envolve a criação de um design que evoque emoções que, por sua vez, resultam em experiências positivas no consumidor, com o objetivo de criar uma ligação ao produto.

 

Existem várias maneiras de fazer isto: através de paletas de cor selecionadas cuidadosamente, de uma descrição atrativa, de pequenos detalhes e através de um estilo visual único na maneira como a informação é apresentada.

Mas o que é o Design Emocional/Emotional Design?

O design emocional é um conceito de design que enfatiza a conexão emocional entre uma pessoa e um produto ou serviço. É um conceito que reconhece que as pessoas não são seres puramente racionais e que os seus sentimentos, atitudes e crenças podem influenciar bastante o seu comportamento. O design pode e deve provocar emoções na audiência, e isto acontece em todo o lado, seja nos media, na política ou na publicidade, e o design emocional é qualquer design que evoca uma resposta emocional e que leva o consumidor a fazer determinadas ações e associações. Estas emoções positivas criam interações mais humanas e tornam, por exemplo, um produto digital mais agradável. As emoções são usadas para influenciar as nossas ações. A internet, por exemplo, está recheada de clickbaits em que todos nós caímos pelo menos uma vez de vez em quando!

 

Mas as emoções não devem ser confundidas com sentimentos. Enquanto as emoções envolvem uma resposta física a um estímulo externo, os sentimentos são o resultado do processamento dessas emoções. O objetivo principal é criar uma associação positiva ao produto ou serviço que pode ser obtida através de emoções positivas – como alegria ou poder – ou através de uma primeira emoção mais negativa – como medo ou repulsa –, mas com a promessa de que o produto irá aliviar/solucionar essa emoção. Regra geral, a publicidade desperta deliberadamente essas emoções para alcançar uma melhor perceção do consumidor.

Níveis de Emotional Design

Como designers, acabamos por nos focar muito nas necessidades dos utilizadores quando interagem com os nossos produtos ou serviços. É logico que a funcionalidade deve ajudá-los a atingir os seus objetivos de uma forma o mais eficiente possível, mas também é necessário termos em conta as respostas emocionais. Por mais que nos consideremos racionais, são as emoções que nos fazem interpretar a realidade. Experiências positivas despertam-nos curiosidade e ajudam-nos a crescer como individuais. Já as experiências negativas ajudam-nos a prevenir repetição de erros.
Estes processos de pensamento dividem-se em três níveis de respostas cognitivas: visceral, comportamental e reflexiva.

Nesta imagem apresentamos os três níveis de emotional design: visceral, comportamenta e refletivo
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Beleza, Aspecto e sensação, Envolvimento sensorial, Reação forte e imediata, Sentimentos.

Visceral: é uma resposta mais imediata, são as primeiras impressões que um utilizador tem. No design visceral, existe um nível subconsciente de reação quando os consumidores veem um produto. De forma geral, lida com a beleza e a qualidade através da aparência e envolvimento sensorial.

O uso da fotografia com o espaço por preencher apela à imaginação do interlocutor, suscitando memórias dos desejos de infância e dos sonhos por concretizar e apelando à reflexão.

Vê o projeto “Espelho meu” para a Cruz Vermelha aqui.

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Usabilidade, Funcionalidade, Performance, Eficácia, Opinião firme.

Comportamental: os utilizadores avaliam de forma subconsciente se o teu produto os ajuda a atingir os seus objetivos. Assim, o design comportamental está mais relacionado com a usabilidade de um produto, com a perceção que um utilizador tem da sua funcionalidade e funcionamento, a sensação física, a performance, e se é user-friendly – neste nível, o consumidor forma uma opinião sobre o produto.

A Landing Page desenvolvida para comunicar o serviço de intermediação de Crédito à Habitação para a MATFIN é simples, direta e user-friendly: o cliente encontra rapidamente resposta às suas questões e cria uma relação de confiança com a empresa. O simulador ajuda a compreender o impacto que o serviço pode ter na sua vida financeira de forma mais tangível.

Vê o projeto completo aqui.

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Compreensão, Aspetos culturais, Significado, Impacto.

Reflexivo: é o julgamento consciente da utilidade e valor de um design. É a habilidade humana de prever o impacto que um determinado produto pode ter na sua vida depois de o usar. Neste nível, os utilizadores interpretam e compreendem o que lhes é apresentado, e vão julgar conscientemente a sua performance e benefícios, incluindo o seu valor monetário.

A Nutriball desenvolvida pela Primor foi pensada como um substituto de refeições pontuais nutricionalmente equilibrado, pronto a comer e saboroso. O packaging desenhado transmite esses pontos fundamentais de forma rápida e direta, comunicando ao consumidor as vantagens que pode trazer para o seu dia-a-dia.

Conhece o projeto Nutriball aqui.

Como aplicar Emotional Design

Para usar o design emocional, e de forma eficaz, precisas de ter estes três níveis presentes quando crias uma identidade de marca. Antes de mais, necessitas de ter um design funcional para trabalhar, e também é necessário ter algum conhecimento sobre os teus utilizadores através de uma pesquisa UX. Os teus designs devem apelar a uma reação emocional imediata por parte do consumidor mas, ao mesmo tempo, é preciso comunicar que também os irá beneficiar.

 

Aqui estão algumas dicas para usares o design emocional em benefício da tua marca:

  1. Confere ao teu trabalho uma personalidade distinta. Pode até ser uma cara ou mascote com que os utilizadores se possam identificar e relacionar com a tua marca.
  2. Usa a psicologia das cores e cores contrastantes. Cada cor confere sensações próprias e associações já estudadas previamente.
  3. Faz textos com o tom adequado à marca que estás a apresentar. Tem em conta termos e frases apropriados e não te esqueças que as fontes e estilos também carregam muito significado!
  4. Usa vídeo e som para apresentar as tuas mensagens. O storytelling ajuda a criar ligações com a tua audiência, além de estares a humanizar a tua marca.
  5. Oferece prémios e surpresas. Nada como personalizar a experiência de cada utilizador, se se sentirem especiais é mais provável que voltem.
  6. Tem atenção ao detalhe. Os problemas podem acontecer a qualquer altura, por isso, podes tentar criar um tom mais leve e humorístico no que toca a mensagens de erro ou falhas para compensar a inconveniência causada.

 

 

Acima de tudo, para criar um engagement emocional positivo, é preciso ter uma presença amigável e agradável. Isto pode ser reforçado com a adição de testemunhos e reviews positivas, ou imagens do teu escritório e colaboradores. A tua marca deve ser diferente da tua concorrência, e também deve parecer diferente – um design mais atrativo que acomode as necessidades e sentimentos dos utilizadores também transmite a sensação de que é mais confiável.

Design Emocional a nosso favor

O que separa bons produtos de grandes produtos? A verdadeira distinção reside na maneira como os utilizadores se sentem.

 

Uma melhor compreensão do design emocional é essencial para poder fornecer boas experiências aos utilizadores. O design emocional pode melhorar uma grande variedade de produtos, pode ser usado para ajudar as pessoas a comer de forma mais saudável, para ajudar a parar de fumar, para incentivar a meditar, e até para usarem menos plástico.

 

Se queres que o teu design tenha uma ligação bem-sucedida com os utilizadores, precisa de se conectar com eles a nível emocional. Um bom designer sabe como chegar aos corações e mentes das pessoas ao demonstrar que determinado produto é a escolha ideal para eles. Se um design consegue chegar ao teu coração primeiro que à tua cabeça, então está a fazer exatamente o que era suposto!

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Sara Madureira

Designer
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