ELEIÇÕES LEGISLATIVAS 2019: 10 FACTOS INTERESSANTES SOBRE A UTILIZAÇÃO DOS CANAIS DIGITAIS COMO “ARMAS DE CAMPANHA” DOS PARTIDOS

ELEIÇÕES LEGISLATIVAS 2019: 10 FACTOS INTERESSANTES SOBRE A UTILIZAÇÃO DOS CANAIS DIGITAIS COMO “ARMAS DE CAMPANHA” DOS PARTIDOS

No rescaldo das eleições legislativas (numa época em que as “redes sociais são quem mais ordena”), uma análise sobre as campanhas dos partidos, como utilizaram estes canais para transmitirem as suas mensagens e conseguirem, assim, o voto dos eleitores.

No rescaldo das eleições legislativas (e numa época em que as “redes sociais são quem mais ordena”), o Raio do Blog fez uma análise sobre as campanhas dos partidos, como utilizaram estes canais para transmitirem as suas mensagens e conseguirem, assim, o voto dos eleitores.

 

Uns com mais orçamento, outros com mais criatividade, todos os partidos (à exceção do PURP, PPM, RIR e PCTP-MRPP) usaram os canais digitais como “armas” de campanha eleitoral.

 

O panorama internacional político tem-nos brindado com casos de “abuso” destes canais para manipulação e utilização de dados pessoais, estratégias que alavancaram as campanhas e incendiaram as redes sociais, com a eleição dos candidatos considerados mais polémicos (recorde-se os escândalos de Cambridge Analytica e da utilização dos dados dos perfis de Facebook para influenciar a opinião dos eleitores ou mesmo das “fake news” disseminadas no WhatsApp e a consequente vitória de Bolsonaro, em 2018).

 

A realidade em Portugal a este nível ainda demonstra algum “amadorismo”, no entanto, já se deram alguns passos no que toca à disseminação de mensagens de propaganda eleitoral via redes sociais e outros canais digitais, como o WhatsApp. De facto, hoje, as redes sociais já não são um canal alternativo, são cada vez mais o meio usado pelos partidos para chegar aos eleitores.

 

Enumeramos abaixo 10 factos que marcaram as eleições legislativas deste domingo e que são reveladoras deste novo paradigmaas redes sociais são cada vez mais utilizadas para fins políticos e, com isso, trazem uma nova realidade para “cima da mesa” – a ascensão de forças e partidos novos, uns “nascidos no digital”, outros formados por pessoas fora dos grandes partidos “tradicionais” portugueses

1. 8,1 milhões €

foi o orçamento dos 22 partidos e coligações para as respetivas campanhas destas eleições legislativas, menos 8% do que em 2015 (8,8 milhões €), de acordo com a ECFP – Entidade das Contas e Financiamentos Políticos. A maior fatia dos orçamentos dos partidos vai para custos administrativos, comícios e espetáculos (Fonte: Jornal de Negócios).

2. PS é o campeão dos gastos na campanha

os socialistas tinham um orçamento de 2.406.605 €, logo seguido pelo PSD com 2.050.000 €. De referir que o Aliança e o Chega tinham um orçamento de 250 e 150 mil €, respetivamente, muito superior ao orçamento do PAN que se ficou pelos 138 mil €. O Partido da Terra foi o único que apresentou um orçamento de 0€. (Fonte: Jornal de Negócios)

3. 350 queixas de propaganda na véspera das eleições legislativas apresentadas à CNE

Comissão Nacional de Eleições, mais de metade relativas a publicações no Facebook e outras redes, segundo o Expresso. Recorde-se que, de acordo com a CNE, são ilícitas as publicações de propaganda nas redes sociais na véspera e no dia de eleições abertas ao público em geral (no entanto, esta regulamentação não se aplica a amigos e amigos de amigos).

4. Facebook, Instagram e Twitter foram as redes sociais mais utilizadas

pelos partidos políticos para chegarem aos eleitores. Apesar disso, a gestão das páginas é ainda muito “amadora” e, muitas vezes, alimentadas por “militantes” e “funcionários do partido”, como é o exemplo do CDS. O Bloco de Esquerda, por sua vez, tem uma equipa própria para o efeito. A maior parte dos partidos comunica nas páginas próprias, mas também o fazem através das páginas dos cabeças de lista, com um impacto tão ou mais importante que os conteúdos partilhados por aqueles.

As instastories, os vídeos gráficos simples e criativos, posts com programa eleitoral, gifs e emojis foram os formatos mais utilizados pelos partidos na partilha de conteúdos nas redes sociais.

5. 15 mil € foi o valor do investimento do Bloco de Esquerda em posts patrocinados, tendo sido o partido que mais investiu neste meio

(dados de 03/2019 a 05/10/2019, disponíveis no Facebook Ads Library) e que superou a soma de todos os partidos da assembleia. Foi também o único que fez posts pagos no Twitter. O CDS-PP e o PAN foram os únicos partidos que não utilizaram anúncios pagos. Todos os outros partidos que elegeram deputados nestas eleições fizeram investimento publicitário nos canais digitais e, na sua maioria, tiraram proveito das funcionalidades que as redes sociais colocam à disposição dos anunciantes, tais como o Pixel do Facebook ou o Remarketing (Fonte: SimilarTech e Facebook Ads Library).

 

De referir que a lei eleitoral da Assembleia da República proíbe os partidos de fazer publicidade paga nas redes sociais, a partir do momento em que as eleições estão marcadas, contudo, os partidos contornam a situação com posts de crítica aos adversários, artigos de opinião, anúncios de comícios, entre outros.

6. O Iniciativa Liberal foi o partido que mais apostou na criatividade como arma eleitoral e nos canais digitais como veículos para a disseminação das suas mensagens

mordazes e arrojadas, tendo esta atitude sido igualmente demonstrada nos diferentes cartazes espalhados pelas cidades, em pontos estratégicos, fazendo muitas vezes lembrar a estratégia utilizada por Mildred Hayes (Frances McDormand) no galardoado filme “Three Billboards Outside Ebbing, Missouri”.

7. 199 725 é o número de seguidores do PSD no total das redes sociais (Facebook, Instagram e Twitter), ocupando o 1º lugar.

No entanto, o PAN é o partido com mais seguidores no Facebook (161 014) destronando o PSD (150 367) nesta rede. Dado curioso é que o Iniciativa Liberal (partido até agora sem assento parlamentar) ocupa o 5º lugar no pódio dos partidos com mais seguidores nas redes sociais, muito à frente de CDS e CDU, contando com 77 919 seguidores. De facto, o próprio partido intitula-se de “partido digital”.

Apesar destes interessantes números, a verdade é que o número de “likes” / ”gostos” não reflete a intenção de voto.

 

Apenas foram recolhidos dados das redes sociais mencionadas nas páginas oficiais dos partidos. PURP, PPM, RIR e PCTP-MRPP não tinham nenhuma rede social ativa nestas condições. Seguidores no Facebook correspondem ao número de gostos. Números recolhidos a 02/10/19

8. PSD, Bloco de Esquerda, CDU-PCP e Iniciativa Liberal utilizaram o Whatsapp para comunicar com os eleitores nestas legislativas.

Apesar de, mais ou menos tímidos, os partidos portugueses estão a começar a aproveitar as vantagens desta aplicação. De facto, numa altura em que tanto se fala em “Dark Social”, ou seja, na partilha de conteúdos que é feita fora das plataformas públicas e mensuráveis externamente, como é o caso do WhatsApp (recorde-se que este mecanismo terá sido decisivo para a vitória de Bolsonaro em 2018), e inevitavelmente em “fake news” (destaque para o “peso” destas “notícias” na campanha de Trump), importa também referir que os utilizadores das redes sociais estão cada vez mais atentos a potenciais perfis falsos, trolls e bots, ferramentas muitas vezes utilizadas na disseminação de “fake news” ou conteúdos “manipuladores” da opinião pública.

9. PCP, Iniciativa Liberal e PS são os partidos com mais engagement no Facebook, com 25%, 24% e 20% de taxa de engagement, respetivamente

Apesar destes números, o Iniciativa Liberal e o PAN são os partidos que conseguem maior interação nos posts.

10. PPS, Bloco de Esquerda e PAN são os partidos mais ativos em publicações, com uma média de 6.7 posts/dia.

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