O rebranding da Jaguar: um rugido inesperado e fãs a mostrar as garras
A Jaguar, uma empresa automóvel britânica com 102 anos, revelou, no passado dia 19 de novembro, uma nova identidade de marca.
Nas redes sociais da Jaguar, todas as publicações anteriores foram apagadas e surgiu um vídeo de 30 segundos a apresentar o novo conceito. O vídeo é… confuso. Não mostra nenhum carro (não é incomum, considerando que se trata de uma apresentação de um novo conceito e não de um produto) mas sim um grupo de modelos de alta costura em cores garridas com palavras soltas num ambiente futurista (ou o que videoclips dos anos 80 consideravam “futurista”).
As reações foram, generosamente falando, mistas. Fãs da marca ficaram revoltados com o rompimento com o passado, designers reclamam da ultra-simplificação e de mais uma marca a perder a autenticidade, em prol do minimalismo. Diversas marcas, de diferentes áreas, aproveitaram a polémica para ganhar notoriedade:
- A Nothing brincou com a abordagem da Jaguar nas Redes Sociais atualizando o logótipo para corresponder ao rebranding da Jaguar e alterando descrição para “Copy Jaguar”, uma versão irónica do slogan da Jaguar, “Copy Nothing”.
- A Razer seguiu o mesmo caminho, anunciando que “seguindo as tendências recentes do setor, também decidimos mudar a marca”:
- Até o Aldi, no Reino Unido, fez uma brincadeira com o novo slogan, publicando no X: “Vocês parecem a nossa equipa jurídica”.
A receção pode não ter sido muito positiva (mas quando é que um rebranding de uma marca de grande dimensão o é? Ainda está bem fresco o debacle do logo da República Portuguesa), mas pôs o mundo todo a falar da Jaguar durante umas semanas. E isso é algo que, tal como a marca bem sabia, já não acontecia há umas boas décadas….
O que nos leva à pergunta: Porquê?
A decisão da Jaguar de se reinventar não foi tomada à toa.
O setor automóvel está a passar por uma transformação profunda, impulsionada pelos veículos elétricos, pela mudança nas preferências dos consumidores e por uma crescente concorrência, principalmente no setor da eletrificação com as novas apostas da Coreia e da China.
A necessidade de mudar não é um problema recente: a Jaguar, simplesmente, não vende carros suficientes não tem sido consistentemente rentável há décadas.
Os CEOs vêm e vão, as marcas-mãe mudam e a Jaguar muda de rumo… mas nunca ganha dinheiro. No último exercício, a JLR (Jaguar Land Rover, o grupo mão da marca) vendeu 58.000 Range Rover, 28.700 Defender e apenas 13.528 Jaguar.
Em novembro de 2024, pela primeira vez desde 1948, nenhum novo Jaguar estava em produção.
Para se manter relevante no mercado, a Jaguar precisava de se reposicionar – e de fazer barulho! E conseguiu!
O responsável da Jaguar, Rawdon Glover, disse ao Financial Times: “Se jogarmos da mesma forma que todos os outros, seremos afogados. Portanto, não queremos aparecer como uma marca de automóveis.” Ao Brazil Journal, Rawdon Glover afirmou que que tudo faz parte da estratégia e que a marca não vai voltar atrás: “Estamos completamente confiantes na direção que escolhemos para a nossa nova filosofia criativa. Fomos ousados, dramáticos e corajosos na nossa abordagem”.
Esta semana, a Jaguar apresentou o primeiro concept car que acompanha o rebranding: o Type 00: um coupé longo e baixo no sentido clássico do Jaguar… só que é elétrico. E cor-de-rosa. Está a quilómetros de distância do Jaguar E-Type, considerado um dos carros mais bonitos alguma vez desenhados (e, na minha modesta opinião, com razão). Mas, talvez, seja isso que a marca precisa. Uma mudança radical, que aliena consumidores fiéis mas vai buscar novos mercados – mais jovens, arrojados e, claro, com poder de compra.
Então… o rebranding funcionou?
É cedo para saber mas, uma coisa é certa: graças à polémica gerada em torno da mudança, o mundo todo está de olhos postos nos próximos passos da Jaguar. E isso já é um sucesso!
A tua marca precisa de um rebranding para enfrentar os desafios do futuro?
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Vera Oliveira
Project Manager
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A Jaguar revelou uma nova identidade de marca. As reações foram, maioritariamente, negativas com fãs da marca revoltados com o rompimento com o passado e designers a reclamar da ultra-simplificação e de mais uma marca a perder a autenticidade, em prol do minimalismo. Mas terá sido esta polémica um falhanço de estratégia ou a melhor coisa que podia ter acontecido a uma marca em dificuldades?
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