IMPRENSA: O FIM OU A REINVENÇÃO?

IMPRENSA: O FIM OU A REINVENÇÃO?

O mercado dos Media em Portugal foi abalado nas últimas semanas pelo anúncio do grupo IMPRESA da intenção de fechar ou vender as revistas do grupo com o objectivo de se dedicarem exclusivamente ao audiovisual e digital.

O mercado dos Media em Portugal foi abalado nas últimas semanas pelo anúncio do grupo IMPRESA da intenção de fechar ou vender as revistas do grupo com o objectivo de se dedicarem exclusivamente ao audiovisual e digital.

Embora o alarme tenha soado no jornal Expresso, aparentemente o mesmo está a salvo por enquanto, não seguindo desta forma o mesmo destino trágico de outras publicações que já desapareceram.


A imprensa escrita tem vindo, ano após ano, a ser ameaçada pelas plataformas digitais, particularmente pelas redes sociais.


Os resultados operacionais dos grandes grupos de Media como a IMPRESA ou a Media Capital, que é detida pela gigante espanhola PRISA (entretanto já se fala também na ALTICE…), pressionam cada vez mais as redações a lutar pela sobrevivência.


Muitas vezes estamos a ler artigos escritos por estagiários ou mesmo por grandes profissionais com uma larga experiência, mas com salários em atraso… estão a cortar na qualidade, nos autores dos conteúdos e esquecem-se que é neles que reside o valor do produto que vendem.


É preciso repensar toda a forma do sector se financiar e gerar receitas, bem como a forma como as pessoas acedem a conteúdos pagos, dado que os atuais modelos estão obsoletos e longe do sucesso.


Posto isto, irá a imprensa escrita desaparecer face à proliferação dos meios digitais? Embora o cenário seja negro, é pouco provável…


É que, para muita gente, os jornais continuam a ter um papel muito importante na sociedade, fazem parte da própria cultura, do ritual de olhar para as primeiras páginas e de nos acompanhar no primeiro café do dia. Para não falar que existem sectores onde esta crise não parece chegar, como é o caso da imprensa desportiva, a imprensa sensacionalista e fundamentalmente, alguns nichos de mercado como a Economia.


Nesses nichos continua a prevalecer a lógica de que se o conteúdo é bom, a informação pertinente e o autor importante, as pessoas pagam por ela. Veja-se o caso do Financial Times lido por esse mundo fora.


Mas como será a coexistência da imprensa escrita e das plataformas digitais? Em grande medida, ambas têm a ganhar uma com a outra. Existe uma materialidade e autenticidade que fazem com que a informação escrita seja mais fidedigna do que a que encontramos numa internet cada vez mais inundada de fake news e sem referencias e autores…

Diria mesmo que o futuro de ambas está na forma como o digital poderá ser uma extensão da imprensa escrita e da forma como essa complementaridade pode enriquecer a imprensa escrita em termos audiovisuais e nos conteúdos multimédia.


Na verdade, é preciso dizer que ainda assistimos a um grande atraso neste domínio face às potencialidades da tecnologia atual. Basta abrir um site de um jornal e descobrir que muitas das vezes os conteúdos que encontramos num artigo são exatamente os mesmos que encontramos num jornal editado na madrugada desse dia, sem qualquer infografia, vídeo ou áudio… Mesmo as Apps são cada vez mais maçudas e apenas são uma alternativa ao site, dado que os conteúdos são exactamente os mesmos.


Este é o momento de repensar os diversos meios e a forma como interagimos com eles.


Já imaginaram estar a ler um jornal com uns óculos VR e todo o conteúdo interagir com o utilizador, imagens que se transformam em vídeo ou mesmo o cenário à nossa volta mudar consoante o artigo que estamos a ler… Como seria ler um artigo sobre a ponte 25 de Abril e, num piscar de olhos, o nosso cenário altera-se como se estivéssemos em cima da ponte a ler o artigo… Ou estarmos com a National Geographic nas mãos e sermos “transportados” para a Amazónia ou para o norte de África?


Estamos numa rampa de aposta efetiva na Realidade Virtual e quem sabe se não serão tecnologias como esta, que irão obrigar a imprensa escrita a reinventar-se mais uma vez num mundo dominado cada vez mais pelos meios imateriais…

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